26 de set. de 2011

Ceifador de Versos

Desapareceram-me os versos,
Em algum momento pensei
Tê-los escritos, em páginas
Arrancadas do meu primeiro caderno,
Retiradas em uma noite mal dormida.
Desapareceram os vestígios que
Deixei para que os encontrassem
Para que os resgatassem
Da solidão a que foram entregados os versos
Não mais os entregaria, se a mim
Coubesse encontrá-los, os guardaria
Na memória eterna dos versos
Que preferi esconder para mim mesmo.
Desapareceram as esperanças
Pois as deixei fora do caminho
Acaso, encontraria eu aquilo
Escondido não para mim.
Mas eles estão lá, esperando
Quem os achará?
Se eu pudesse os leria agora
Para me lembrar, de para quem
Os escrevi , versos
Tão secretos, tão trabalhados
São enfim, obsoletos
Pois versos também precisam ser amados.

19 de set. de 2011

Mata Cerrada.

O Lago do Galope.



Parte 1

Todo o trabalho e preparação já lhes consumira algo em torno de um mês. Afinal, momentos solenes devem ser, minuciosamente, programados e revistos para não haver falhas. Fato é que, os irmãos Tico e Teco, e Toim, irmão de criação, nem no casamento de Tamirão, antigo parceiro, efetuaram, com tamanha perspicácia, um planejamento. Aliás, Tamirão os abandonara por não gostar do leve toque de desmazelo que insistiam em empregar em tudo quanto faziam. E o faziam com uma maestria e um prazer únicos.
Águas passadas. Esse momento destoava. Haviam sido metódicos. Pescaria é coisa séria afinal. Destino, Lago do Galope. Aliás, local de uma abundância invejável de peixes. Até porque, ninguém pescava lá. E, não o faziam por dois motivos claros. Um. Os peixes estavam contaminados com mercúrio. Fruto da antiga mineração de ouro na região. Dois. Anos atrás, um incidente com três ou quatro garotos que sumiram. No local ficaram, somente, quatro varas de pescar e três bancos. O que, logicamente, desencadeou uma série de questionamentos e histórias. Não havia testemunhas. A conclusão de se tratarem de crianças, por sinal, veio da descoberta de três pares de sandálias e quatro bonés. O episódio ficou conhecido como o sumiço de três ou quatro garotos. Nunca foram encontrados.
Voltando ao Lago do Galope, que logo receberia esse nome. Os resultados das buscas foram peculiarmente interessantes. Os primeiros relatos foram que se ouviram cavalos a galope. Depois, fora visto, no início da noite, índios correndo, que acreditavam ser Xexens. Esses, aliás, foram um grupo de índios que viveram e, provavelmente ainda vivem, num local muito fértil, dentro da mente do povo de Mata Cerrada. Povo conhecido por sua bravura. Grandes histórias surgiram de lá. Segundo os relatos locais, antes dos Bandeirantes já haviam desbravado boa parte do país e se alocaram ali. Modestos que são, nunca reivindicaram o registro histórico do feito. Por fim, os relatos continuaram sobre o sumiço, um alegou ter visto uma mula correndo sem cabeça. O outro salientou que, dias antes, atracara com o animal e fora ele mesmo a arrancar-lhe a cabeça, mas que outro animal passou correndo e tomou-lhe o troféu. Com tantos relatos, resolveram nomear o lago homenageando os cavalos do primeiro relato. Lago do Galope.
Ocorre que, os garotos daquela época não tinham o costume de acompanhar inquéritos policiais. Como ninguém se atinou para isso. Os garotos continuavam suas brincadeiras, displicentes. Os homens de Mata Cerrada e a polícia empenhavam seus esforços. O inquérito seguia.
Anos mais tarde, agora homens, displicentes. Tico, Teco e Toim retornavam ao cenário de um dos maiores acontecimentos da história de Mata Cerrada. Estavam prontos para o grande momento. Contudo, algo lhes faltava. Três homens, três varas e quatro bancos.

13 de set. de 2011

Universo das banalidades.

Pensando nos diversos temas que permeiam nossas vidas e mentes, despertei-me para a questão da banalidade na vida do homem pós-moderno.
Algo de fato interessante, pois, para começar, a modernidade já está ultrapassada. E é nesse contexto que identificaremos as banalidades, coisas simples ou mesmo complexas que já foram muito discutidas, e que tem perdido sua devida relevância. Em meio a todo esse caos estamos nós cristãos, um tanto quanto perdidos, indecisos, como que se Cristo não fosse mais o nosso norte. Mas, voltemos então ao primeiramente proposto.
O que se entende, pois, de banalidade? Algo trivial, simplório, sem importância; consegue entender o que eu digo agora? Pausa. Quantas vezes você já fez parte, ou ainda, já presenciou  debates sobre vida, sexo, caráter, ética, moral, fé, e convenhamos quem não está cansado desses constantes debates que partem do nada rumo a lugar algum? Esses são os clássicos debates feitos quase que com o único objetivo de nos deixar um pouco pior do que já estávamos antes do inicio da conversa, um turbilhão de apontamentos sobre problemas, corrupção, fome e mortes. Desfaço a pausa. Acredito que já entendeu. O problema que eu tento aqui descrever  é, exatamente, quando duas realidades distintas se conectam, de um lado o nosso universo real, de outro nosso próprio universo saturado de tudo, resultando num estado em que tomei a liberdade( desculpem-me) de nomear universo das banalidades.
Não obstante a tudo isso, tal problemática alcançou, enfim, os bancos da igreja Cristã. Nesse momento, parece não haver mais uma pregação suficientemente relevante, ou um louvor de todo agradável, parecemos ser prisioneiros de uma mesmice sufocante. E é isso que realmente me preocupa, pois somos tão massificados que um colapso da igreja nos dias de hoje parece inevitável. Na realidade, devemos parar de tentar nos justificar, afinal devemos ir à igreja buscar a Deus, e não simplesmente saciar nossas necessidades. Bem, até onde eu sei Ele continua o mesmo, e se o buscarmos de verdade Ele falará conosco, e isso é uma verdade bíblica, logo, talvez sejamos nós que não estamos tão dispostos a entender ou mesmo viver a vontade de Deus. É fato, também, que não existe igreja perfeita, e pelo simples motivo que nós somos a igreja. Banalidade, aqui, está diretamente ligada à superficialidade, é como ir à praia reclamar o dia inteiro do calor e permanecer na areia, é simplesmente reclamar que a igreja vai mal e não atuar em sua melhoria, falar sobre crise moral e não corrigir a si próprio.
Por fim, tudo é banal quando estamos na direção equivocada, ouvimos tudo e nada entendemos, todavia, não é que Deus não tenha mais poder ou tenha parado de agir, somos nós que temos nos mostrado incapazes de reconhecer o nosso criador e fazer a sua vontade, incapazes de um simples obrigado, incapazes de enxergar que somos a pura vontade de Deus. Indiferentes à nossa própria existência.

6 de set. de 2011

Respostas sem perguntas

RESPOSTAS SEM PERGUNTAS
Tenho pensado em como responder aos questionamentos
da vida, que das lutas ao superar espero

 algo que, às vezes, parece-me impalpável
tenho pensado em muitas coisas

 coisas importantes  e sem importância alguma
para tudo sempre há uma resposta,

 às vezes; tenho pensado em como responder
uma certa mulher, que

 em seu olhar parece ter descoberto os segredos do mundo ou
se estes não, pelo menos arrancou de mim
 os mais secretos e profundos medos
do dito coração, quero-os de volta
 mas tenho pensado,em abandonar os medos
e viver

 pelo que aqueles olhos ainda me falam
só não os entendo ainda...

4 de set. de 2011

Desde Gênesis

Desde Gênesis
“No princípio fez Deus os céus e a terra... e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas...” Como que imaginando a falta de alguma coisa. Interessante essa imagem, mas, decerto já sabia Ele o que criaria, mesmo assim essa expressão sempre me intrigou “ ...e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas...” o que está por trás dessa frase, qual a razão de estar o Criador do universo a fazer isso? Vendo seu próprio reflexo, talvez, mas quem sabe a imagem de sua criação; nos vendo, a ignorar tua palavra, teu amor, a obra que ainda faria.
Me assusta a idéia de que, por um momento, relutou Deus ao ver um povo que não merecia o mundo que estava prestes a criar, no entanto, se assim o fosse eu não estaria aqui para relatar isso. Pois se quisesse poupar a Cristo simplesmente pouparia já que o cálice sempre esteve em suas mãos.
Para o meu espanto e tranqüilidade Ele enviou seu filho, o que me faz crer que “sobre a face das águas”  Deus escreveu, para tirar algo de bom de sua criação, um parêntesis na história. Sendo que havia “trevas sobre o abismo” inevitavelmente cairíamos neste, mas disse Deus haja luz, e pudemos ter uma oportunidade, de escapar do abismo sem fim envolto em suas trevas, e fez Deus separação entre trevas e luz. Nossa história está aqui narrada, o que me leva a pensar que naquele instante estava Deus admirando tudo o que criaria. Engano é pensar que Ele hesitou, porque se quisesse poderia simplesmente refazer tudo, mas Ele é Deus e seus planos são perfeitos, e a dúvida é humana não divina.
Fez  o mundo por nós, enviou Jesus para nos iluminar, nos livrar do abismo do pecado, fez separação entre luz e trevas, nos fez um povo separado para Ele. Enfim, começo a  entender o “por que” permanecia sobre a face das águas, pois seu povo escolhido não consegue crer em sua palavra e pouco tem se importado com o seu grande amor.
Apesar de nossas inconstâncias, seu amor nunca mudou, então não seja trevas, faça valer a pena o solene momento que o Criador nos dedicou.