25 de out. de 2011

Dias na Janela

Observo os dias que
Tenho passado, sem sonhos futuros
Apenas alvos, mesmo que por pouco
Não alcançados.
Observo, às vezes, que o tempo não me espera
Decidir a cor da camisa
Que acabei vestindo por engano.
Observo que não tenho visto
Muitas das coisas que me cercam
Que meus problemas, insisto
Não cabem a mim, as decisões que me afetam.
Observo a minha vida
E de tudo quanto obsto
Sirvo-me ainda à uma conclusão
Carece-me iniciativa.
Observo o mundo
E as velhas receitas de um fim,
Constantemente, adiado
Que o homem moderno está, agora, ultrapassado.
Observo, enfim, que tudo muda
Opiniões, idéias, caráter
Permanecem as incertezas
E os erros, que, insistentemente,
 decidimos cultivar.

18 de out. de 2011

Nas Mãos de Cristo.

Pois assim começa essa história. Sempre penso naquele famoso jargão “como está a sua vida”. Talvez seja a abordagem mais usada que conheço e que se não tomar cuidado baterei na mesma tecla. Bom se nossas vidas estivessem tão de acordo com o que a bíblia nos ensina poder-se-ia usar menos tal frase.
Vamos pensar dessa vez não em nossos erros, mas sim em nossos acertos. Quão grandiosas coisas temos feito! Bem talvez você pense, agora ele me pegou, não tenho feito nada para agradar a Deus. Fique tranqüilo, não estou falando de uma cruzada evangelística pela África, nem de uma doação milionária  a algum projeto. Tente visualizar algo um pouco mais palpável. Se você tem ido à igreja já é um bom começo, mas sempre é tempo de se recomeçar. Que tal, então, orações esporádicas já que às vezes ficamos até sem jeito de falar com Deus. Essa é a idéia, consegue agora visualizar? O que você tem feito para Deus? Mas, por maiores que sejam suas obras, perto do que Deus fez e ainda faz, e diante do que Ele representa é tudo sempre tão pequeno, insignificante às vezes.
Vamos então fazer um tour. Se imagine como o centro dessa cidade, agora dentro do seu Estado você é menos que um ponto, País, planeta Terra. E esse mesmo planeta é minúsculo dentro do sistema solar, e esse nada é dentro do conjunto de galáxias. E isso tudo foi feito por Deus, e imagine só, o universo, como que um pequeno objeto, nas mãos Dele. Mas o que eu quero dizer com isso, é, por maiores ou menores que sejam nossos feitos ambos são nada diante da criação Dele, se podemos ser salvos é pela graça de Deus que enviou seu filho até nós.
E se Ele fez tudo isso para nós, é porque nos acha especiais, você pode escolher o quer fazer, mas aí vai uma dica, que tal um pouco de gratidão por quem te deu tudo, sem cobrar nada. Por isso a questão aqui não é “como está a sua vida”, e sim como você pretende continuar. Afinal tudo está nas mãos de Cristo.

13 de out. de 2011

Natureza Humana

Eu sou a imagem
Sou a semelhança,
Sou a criatura, não
Sou o criador, sou a arrogância
Não tenho nada, mas quero tudo
Sou a ganância, tenho os piores elementos
Numa única instância.
Ganhei a vida, temo a morte
Nego a Deus, aceito a sorte.
Sou a desventura, o norte
Dos que enfim, acreditaram
Que por si se endeusariam
Numa sublime existência.
Eterno pesadelo dos tolos
Que acreditam poder mudar
A natureza das coisas.

2 de out. de 2011

Contos Urbanos

Miséria.
Languidamente as luminárias curvavam-se. Sonolentas, ante a pesada mão da noite. A cidade dormia, na maior parte. Claudinha, ébria pelo longa metragem norte americano. Enveredara-se por um coração valente medievo. Logo ali, perto de sua casa. Papéis comodamente amontoados, tentavam, inutilmente, manter  corpos aquecidos. O vento assoprava, levando consigo as amarguras de mais um dia de esquecimento. Os cantos da praça já nem reclamavam mais. Sempre cabe mais um. Reverberava no ar a última folha do inverno, seguindo a melodia da noite. Incomodada, uma figura perambulava. Decerto, a situação tornara-se demasiadamente penosa. No beco, ecoava o som de lata caindo. O rato chiava, agonizante. O gato saboreava, calmamente, cada pedacinho do fim de sua vida. O silêncio, ao longe, cedia espaço à trilha sonora. Conduzindo a figura. Na verdade, sabia aquela que não deveria aceitar presente de estranhos. O filme seguia seu curso. A campainha toca. O coração dispara, como que tentando acalmar as pernas. Quase sem forças para levantar. A noite, inevitavelmente, abraçava a madrugada. Uma infinidade de pensamentos lhe percorriam a mente. A campainha continuava a tocar. Chegou-se à porta, a figura suplicava por um pouco de comida. Horas antes, discorria com amigos sobre a situação da cidade. A mendicância se tornara um grande problema. Não chegaram a um consenso. Em sua geladeira, um pouco de frango desfiado. Um pão dormido, maionese. Um sanduíche à mão. E um copo de leite quente. Respirou fundo, orgulhosa. Enquanto todos apenas discutiam o assunto ela poder fazer algo. Pela grade da janela entregou a comida. Ânsia de vômito, o odor entrara e tomara a sala. A figura rapidamente arrancou um embrulho. Claudinha, imóvel, engolia a seco, a tensão do momento. O mendigo desatou a falar. Não entendera nada. Mas em suas mãos um peixe embrulhado em jornais do dia. Manchete. A miséria aterrorizava o país. O peixe respirou aliviado o perfume da casa. O mendigo se fora. O que faria com o peixe não sabia. Mas, não poderia desperdiçá-lo. Daria a alguém. Foi guardá-lo na geladeira.
Os olhos, antes, azuis,antes, vidrados. Projetaram-se oblíquos, interrogativos.
_ Moça, realmente existe essa tal miséria do jornal? Apavorada, ela saiu gritando e batendo pelos cantos da casa. Pelo que o peixe concluiu, a miséria é, de fato, assustadora.