11 de nov. de 2011

Caminhos estreitos


Ontem não errei, apenas decidi
Que acertar nem sempre é a melhor decisão.
Ontem segui meu caminho
Pois mesmo sozinho, em minha estrada
Sempre sei a direção, que me levará
Ao meu destino, ou não, ainda assim continuarei
Sem depender de algo a mais, apenas vou
Faço o que é preciso fazer diferente.
Um caminho que ninguém me siga
Mesmo por engano,
Traço desvios e obstáculos
Chegarei sozinho
Minha recompensa será maior
Mesmo que não  consiga carregá-la
Com minhas próprias forças, faço
E refaço os esforços inúteis.
Hoje perdi o caminho
Que sequer encontrei
Pois sozinho não há caminho
Simplesmente solidão, eterno fardo dos homens
Escândalo dos soberbos, que no fim
Não puderam, não encontraram
Salvação.

25 de out. de 2011

Dias na Janela

Observo os dias que
Tenho passado, sem sonhos futuros
Apenas alvos, mesmo que por pouco
Não alcançados.
Observo, às vezes, que o tempo não me espera
Decidir a cor da camisa
Que acabei vestindo por engano.
Observo que não tenho visto
Muitas das coisas que me cercam
Que meus problemas, insisto
Não cabem a mim, as decisões que me afetam.
Observo a minha vida
E de tudo quanto obsto
Sirvo-me ainda à uma conclusão
Carece-me iniciativa.
Observo o mundo
E as velhas receitas de um fim,
Constantemente, adiado
Que o homem moderno está, agora, ultrapassado.
Observo, enfim, que tudo muda
Opiniões, idéias, caráter
Permanecem as incertezas
E os erros, que, insistentemente,
 decidimos cultivar.

18 de out. de 2011

Nas Mãos de Cristo.

Pois assim começa essa história. Sempre penso naquele famoso jargão “como está a sua vida”. Talvez seja a abordagem mais usada que conheço e que se não tomar cuidado baterei na mesma tecla. Bom se nossas vidas estivessem tão de acordo com o que a bíblia nos ensina poder-se-ia usar menos tal frase.
Vamos pensar dessa vez não em nossos erros, mas sim em nossos acertos. Quão grandiosas coisas temos feito! Bem talvez você pense, agora ele me pegou, não tenho feito nada para agradar a Deus. Fique tranqüilo, não estou falando de uma cruzada evangelística pela África, nem de uma doação milionária  a algum projeto. Tente visualizar algo um pouco mais palpável. Se você tem ido à igreja já é um bom começo, mas sempre é tempo de se recomeçar. Que tal, então, orações esporádicas já que às vezes ficamos até sem jeito de falar com Deus. Essa é a idéia, consegue agora visualizar? O que você tem feito para Deus? Mas, por maiores que sejam suas obras, perto do que Deus fez e ainda faz, e diante do que Ele representa é tudo sempre tão pequeno, insignificante às vezes.
Vamos então fazer um tour. Se imagine como o centro dessa cidade, agora dentro do seu Estado você é menos que um ponto, País, planeta Terra. E esse mesmo planeta é minúsculo dentro do sistema solar, e esse nada é dentro do conjunto de galáxias. E isso tudo foi feito por Deus, e imagine só, o universo, como que um pequeno objeto, nas mãos Dele. Mas o que eu quero dizer com isso, é, por maiores ou menores que sejam nossos feitos ambos são nada diante da criação Dele, se podemos ser salvos é pela graça de Deus que enviou seu filho até nós.
E se Ele fez tudo isso para nós, é porque nos acha especiais, você pode escolher o quer fazer, mas aí vai uma dica, que tal um pouco de gratidão por quem te deu tudo, sem cobrar nada. Por isso a questão aqui não é “como está a sua vida”, e sim como você pretende continuar. Afinal tudo está nas mãos de Cristo.

13 de out. de 2011

Natureza Humana

Eu sou a imagem
Sou a semelhança,
Sou a criatura, não
Sou o criador, sou a arrogância
Não tenho nada, mas quero tudo
Sou a ganância, tenho os piores elementos
Numa única instância.
Ganhei a vida, temo a morte
Nego a Deus, aceito a sorte.
Sou a desventura, o norte
Dos que enfim, acreditaram
Que por si se endeusariam
Numa sublime existência.
Eterno pesadelo dos tolos
Que acreditam poder mudar
A natureza das coisas.

2 de out. de 2011

Contos Urbanos

Miséria.
Languidamente as luminárias curvavam-se. Sonolentas, ante a pesada mão da noite. A cidade dormia, na maior parte. Claudinha, ébria pelo longa metragem norte americano. Enveredara-se por um coração valente medievo. Logo ali, perto de sua casa. Papéis comodamente amontoados, tentavam, inutilmente, manter  corpos aquecidos. O vento assoprava, levando consigo as amarguras de mais um dia de esquecimento. Os cantos da praça já nem reclamavam mais. Sempre cabe mais um. Reverberava no ar a última folha do inverno, seguindo a melodia da noite. Incomodada, uma figura perambulava. Decerto, a situação tornara-se demasiadamente penosa. No beco, ecoava o som de lata caindo. O rato chiava, agonizante. O gato saboreava, calmamente, cada pedacinho do fim de sua vida. O silêncio, ao longe, cedia espaço à trilha sonora. Conduzindo a figura. Na verdade, sabia aquela que não deveria aceitar presente de estranhos. O filme seguia seu curso. A campainha toca. O coração dispara, como que tentando acalmar as pernas. Quase sem forças para levantar. A noite, inevitavelmente, abraçava a madrugada. Uma infinidade de pensamentos lhe percorriam a mente. A campainha continuava a tocar. Chegou-se à porta, a figura suplicava por um pouco de comida. Horas antes, discorria com amigos sobre a situação da cidade. A mendicância se tornara um grande problema. Não chegaram a um consenso. Em sua geladeira, um pouco de frango desfiado. Um pão dormido, maionese. Um sanduíche à mão. E um copo de leite quente. Respirou fundo, orgulhosa. Enquanto todos apenas discutiam o assunto ela poder fazer algo. Pela grade da janela entregou a comida. Ânsia de vômito, o odor entrara e tomara a sala. A figura rapidamente arrancou um embrulho. Claudinha, imóvel, engolia a seco, a tensão do momento. O mendigo desatou a falar. Não entendera nada. Mas em suas mãos um peixe embrulhado em jornais do dia. Manchete. A miséria aterrorizava o país. O peixe respirou aliviado o perfume da casa. O mendigo se fora. O que faria com o peixe não sabia. Mas, não poderia desperdiçá-lo. Daria a alguém. Foi guardá-lo na geladeira.
Os olhos, antes, azuis,antes, vidrados. Projetaram-se oblíquos, interrogativos.
_ Moça, realmente existe essa tal miséria do jornal? Apavorada, ela saiu gritando e batendo pelos cantos da casa. Pelo que o peixe concluiu, a miséria é, de fato, assustadora.

26 de set. de 2011

Ceifador de Versos

Desapareceram-me os versos,
Em algum momento pensei
Tê-los escritos, em páginas
Arrancadas do meu primeiro caderno,
Retiradas em uma noite mal dormida.
Desapareceram os vestígios que
Deixei para que os encontrassem
Para que os resgatassem
Da solidão a que foram entregados os versos
Não mais os entregaria, se a mim
Coubesse encontrá-los, os guardaria
Na memória eterna dos versos
Que preferi esconder para mim mesmo.
Desapareceram as esperanças
Pois as deixei fora do caminho
Acaso, encontraria eu aquilo
Escondido não para mim.
Mas eles estão lá, esperando
Quem os achará?
Se eu pudesse os leria agora
Para me lembrar, de para quem
Os escrevi , versos
Tão secretos, tão trabalhados
São enfim, obsoletos
Pois versos também precisam ser amados.

19 de set. de 2011

Mata Cerrada.

O Lago do Galope.



Parte 1

Todo o trabalho e preparação já lhes consumira algo em torno de um mês. Afinal, momentos solenes devem ser, minuciosamente, programados e revistos para não haver falhas. Fato é que, os irmãos Tico e Teco, e Toim, irmão de criação, nem no casamento de Tamirão, antigo parceiro, efetuaram, com tamanha perspicácia, um planejamento. Aliás, Tamirão os abandonara por não gostar do leve toque de desmazelo que insistiam em empregar em tudo quanto faziam. E o faziam com uma maestria e um prazer únicos.
Águas passadas. Esse momento destoava. Haviam sido metódicos. Pescaria é coisa séria afinal. Destino, Lago do Galope. Aliás, local de uma abundância invejável de peixes. Até porque, ninguém pescava lá. E, não o faziam por dois motivos claros. Um. Os peixes estavam contaminados com mercúrio. Fruto da antiga mineração de ouro na região. Dois. Anos atrás, um incidente com três ou quatro garotos que sumiram. No local ficaram, somente, quatro varas de pescar e três bancos. O que, logicamente, desencadeou uma série de questionamentos e histórias. Não havia testemunhas. A conclusão de se tratarem de crianças, por sinal, veio da descoberta de três pares de sandálias e quatro bonés. O episódio ficou conhecido como o sumiço de três ou quatro garotos. Nunca foram encontrados.
Voltando ao Lago do Galope, que logo receberia esse nome. Os resultados das buscas foram peculiarmente interessantes. Os primeiros relatos foram que se ouviram cavalos a galope. Depois, fora visto, no início da noite, índios correndo, que acreditavam ser Xexens. Esses, aliás, foram um grupo de índios que viveram e, provavelmente ainda vivem, num local muito fértil, dentro da mente do povo de Mata Cerrada. Povo conhecido por sua bravura. Grandes histórias surgiram de lá. Segundo os relatos locais, antes dos Bandeirantes já haviam desbravado boa parte do país e se alocaram ali. Modestos que são, nunca reivindicaram o registro histórico do feito. Por fim, os relatos continuaram sobre o sumiço, um alegou ter visto uma mula correndo sem cabeça. O outro salientou que, dias antes, atracara com o animal e fora ele mesmo a arrancar-lhe a cabeça, mas que outro animal passou correndo e tomou-lhe o troféu. Com tantos relatos, resolveram nomear o lago homenageando os cavalos do primeiro relato. Lago do Galope.
Ocorre que, os garotos daquela época não tinham o costume de acompanhar inquéritos policiais. Como ninguém se atinou para isso. Os garotos continuavam suas brincadeiras, displicentes. Os homens de Mata Cerrada e a polícia empenhavam seus esforços. O inquérito seguia.
Anos mais tarde, agora homens, displicentes. Tico, Teco e Toim retornavam ao cenário de um dos maiores acontecimentos da história de Mata Cerrada. Estavam prontos para o grande momento. Contudo, algo lhes faltava. Três homens, três varas e quatro bancos.

13 de set. de 2011

Universo das banalidades.

Pensando nos diversos temas que permeiam nossas vidas e mentes, despertei-me para a questão da banalidade na vida do homem pós-moderno.
Algo de fato interessante, pois, para começar, a modernidade já está ultrapassada. E é nesse contexto que identificaremos as banalidades, coisas simples ou mesmo complexas que já foram muito discutidas, e que tem perdido sua devida relevância. Em meio a todo esse caos estamos nós cristãos, um tanto quanto perdidos, indecisos, como que se Cristo não fosse mais o nosso norte. Mas, voltemos então ao primeiramente proposto.
O que se entende, pois, de banalidade? Algo trivial, simplório, sem importância; consegue entender o que eu digo agora? Pausa. Quantas vezes você já fez parte, ou ainda, já presenciou  debates sobre vida, sexo, caráter, ética, moral, fé, e convenhamos quem não está cansado desses constantes debates que partem do nada rumo a lugar algum? Esses são os clássicos debates feitos quase que com o único objetivo de nos deixar um pouco pior do que já estávamos antes do inicio da conversa, um turbilhão de apontamentos sobre problemas, corrupção, fome e mortes. Desfaço a pausa. Acredito que já entendeu. O problema que eu tento aqui descrever  é, exatamente, quando duas realidades distintas se conectam, de um lado o nosso universo real, de outro nosso próprio universo saturado de tudo, resultando num estado em que tomei a liberdade( desculpem-me) de nomear universo das banalidades.
Não obstante a tudo isso, tal problemática alcançou, enfim, os bancos da igreja Cristã. Nesse momento, parece não haver mais uma pregação suficientemente relevante, ou um louvor de todo agradável, parecemos ser prisioneiros de uma mesmice sufocante. E é isso que realmente me preocupa, pois somos tão massificados que um colapso da igreja nos dias de hoje parece inevitável. Na realidade, devemos parar de tentar nos justificar, afinal devemos ir à igreja buscar a Deus, e não simplesmente saciar nossas necessidades. Bem, até onde eu sei Ele continua o mesmo, e se o buscarmos de verdade Ele falará conosco, e isso é uma verdade bíblica, logo, talvez sejamos nós que não estamos tão dispostos a entender ou mesmo viver a vontade de Deus. É fato, também, que não existe igreja perfeita, e pelo simples motivo que nós somos a igreja. Banalidade, aqui, está diretamente ligada à superficialidade, é como ir à praia reclamar o dia inteiro do calor e permanecer na areia, é simplesmente reclamar que a igreja vai mal e não atuar em sua melhoria, falar sobre crise moral e não corrigir a si próprio.
Por fim, tudo é banal quando estamos na direção equivocada, ouvimos tudo e nada entendemos, todavia, não é que Deus não tenha mais poder ou tenha parado de agir, somos nós que temos nos mostrado incapazes de reconhecer o nosso criador e fazer a sua vontade, incapazes de um simples obrigado, incapazes de enxergar que somos a pura vontade de Deus. Indiferentes à nossa própria existência.

6 de set. de 2011

Respostas sem perguntas

RESPOSTAS SEM PERGUNTAS
Tenho pensado em como responder aos questionamentos
da vida, que das lutas ao superar espero

 algo que, às vezes, parece-me impalpável
tenho pensado em muitas coisas

 coisas importantes  e sem importância alguma
para tudo sempre há uma resposta,

 às vezes; tenho pensado em como responder
uma certa mulher, que

 em seu olhar parece ter descoberto os segredos do mundo ou
se estes não, pelo menos arrancou de mim
 os mais secretos e profundos medos
do dito coração, quero-os de volta
 mas tenho pensado,em abandonar os medos
e viver

 pelo que aqueles olhos ainda me falam
só não os entendo ainda...

4 de set. de 2011

Desde Gênesis

Desde Gênesis
“No princípio fez Deus os céus e a terra... e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas...” Como que imaginando a falta de alguma coisa. Interessante essa imagem, mas, decerto já sabia Ele o que criaria, mesmo assim essa expressão sempre me intrigou “ ...e o espírito de Deus pairava sobre a face das águas...” o que está por trás dessa frase, qual a razão de estar o Criador do universo a fazer isso? Vendo seu próprio reflexo, talvez, mas quem sabe a imagem de sua criação; nos vendo, a ignorar tua palavra, teu amor, a obra que ainda faria.
Me assusta a idéia de que, por um momento, relutou Deus ao ver um povo que não merecia o mundo que estava prestes a criar, no entanto, se assim o fosse eu não estaria aqui para relatar isso. Pois se quisesse poupar a Cristo simplesmente pouparia já que o cálice sempre esteve em suas mãos.
Para o meu espanto e tranqüilidade Ele enviou seu filho, o que me faz crer que “sobre a face das águas”  Deus escreveu, para tirar algo de bom de sua criação, um parêntesis na história. Sendo que havia “trevas sobre o abismo” inevitavelmente cairíamos neste, mas disse Deus haja luz, e pudemos ter uma oportunidade, de escapar do abismo sem fim envolto em suas trevas, e fez Deus separação entre trevas e luz. Nossa história está aqui narrada, o que me leva a pensar que naquele instante estava Deus admirando tudo o que criaria. Engano é pensar que Ele hesitou, porque se quisesse poderia simplesmente refazer tudo, mas Ele é Deus e seus planos são perfeitos, e a dúvida é humana não divina.
Fez  o mundo por nós, enviou Jesus para nos iluminar, nos livrar do abismo do pecado, fez separação entre luz e trevas, nos fez um povo separado para Ele. Enfim, começo a  entender o “por que” permanecia sobre a face das águas, pois seu povo escolhido não consegue crer em sua palavra e pouco tem se importado com o seu grande amor.
Apesar de nossas inconstâncias, seu amor nunca mudou, então não seja trevas, faça valer a pena o solene momento que o Criador nos dedicou.

30 de ago. de 2011

Frio Noturno

Esta noite estava frio,
quando pensei no frio que estava sentindo
me lembrei do frio, que não sentiria
se estivesse com, não sei, um agasalho ou
ainda que fosse um abraço quente, o frio

que senti já mais nada representaria
parece absurdo, mas eu tentei 

tentei não sentir frio, mas descobri
que agasalho não me faltava

faltava aquela companhia 
que tanto me fez, que falta ainda faz 
eu bem tentei não lembrar dela 
parece absurdo
mas estava frio esta noite.